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A Avenida Paulista como manifestação cultural

A Avenida Paulista, uma das principais da cidade de São Paulo, é conhecida por sua ampla diversidade cultural. Além de ser um importante centro econômico, onde se concentram as sedes das principais empresas no Brasil, é também um importante ponto turístico da cidade.

Nela estão reunidos estabelecimentos diversificados como teatros, museus, cinemas, shoppings, bancos, bares e restaurantes, centros culturais, livrarias e até um parque em meio a muitos prédios residenciais e comerciais. Também possui variedade comercial, abrigando desde lojas de grife até vendedores ambulantes de artesanato. Além de apresentações e exposições nos locais de entretenimento, é constante a presença de artistas de rua como músicos, pintores, escultores, etc.

Milhares de pessoas passam pela Avenida Paulista diariamente, seja para trabalhar ou para realizar alguma atividade de lazer. Através destes frequentadores é possível notar a pluralidade étnica, ideológica, religiosa, política, etc. Em sua maioria, vêm de outras regiões brasileiras ou até de outros países.

Nesta multiplicidade de manifestações culturais, é possível identificar o hibridismo cultural, defendido pelo antropólogo Néstor García Canclini, pois há uma mistura de fragmentos de outras culturas que juntas compõem a manifestação cultural da Avenida Paulista. Isso ocorre também pela grande quantidade de pessoas vindas de outras localidades, como das regiões brasileiras Norte e Nordeste, e de outros países, que trazem em si expressões destes locais, formando umas com as outras um mosaico cultural.

Atividades comuns encontradas na Avenida Paulista também caracterizam a sua cultura híbrida, como o convívio entre meios de transportes diferentes, como os automóveis e as bicicletas. Isso também ocorre pela presença de espaços arbóreos e de conservação da natureza, como o Parque Tenente Siqueira Campos (Parque Trianon).

É possível notar, também, peças artísticas finalizadas ou artistas produzindo-as a céu aberto. Essas manifestações se dão por meio de artes plásticas ou música e dança, e refletem um ponto da teoria de Canclini como consequência da hibridização: a intensidade criativa.

Através destas manifestações de teor artístico, notamos a mistura do popular com o erudito. Diariamente, pode-se observar musicistas que tocam violão e cantam músicas populares e, também, a presença de violinistas, que representam uma cultura mais voltada à erudição. Encontramos obras de artistas conceituados no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e peças artísticas artesanais que remetem à origem indígena ou latino-americana, vendidas na área externa, conhecida como vão do MASP.


Há o encontro entre o arcaico e o moderno, através da arquitetura dos prédios e monumentos da avenida. Há, também, um impacto maior de pessoas que vêm de outras regiões ao deparar-se com a quantidade de gente, e com a forte miscigenação e há grande valorização da diversidade étnica do local.

Devido a esta pluralidade, não é possível estabelecer uma rotina fixa da avenida. Como afirmado por uma frequentadora, cada dia na Paulista pode ser diferente, e a cada dia pode-se deparar com uma situação diferente. Ela está em constante transformação, como afirma o antropólogo Clifford Geertz ao descrever o que de fato é estudado em uma cultura: o fluxo social.

Portanto, é impossível sintetizar e descrever de forma definitiva e limitada a essência cultural da Avenida Paulista, pois, como de acordo com o teórico Geertz, o entendimento da cultura é relativo, interpretativo, e só pode ser compreendido através da experiência. Descrever a Avenida Paulista não informará a totalidade da manifestação cultural presente nela, em toda a sua heterogeneidade.

Ao realizar esta análise, baseada em uma amostra do todo, pratico o estranhamento de atividades comuns do cotidiano da avenida, para enxergá-la como a própria cultura. Conclui-se que elementos comuns do dia-a-dia compõe esta cultura e que a diversidade em vários âmbitos é sua característica principal.

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